sábado, 14 de novembro de 2009

Uma palavra aos leitores iniciantes

Seja amigo(a) dos livros - eles sempre são uma ótima companhia;
Lembre-se, os bons livros não tem idade e não possuem data de validade;
Leia bons romances e bons poemas – eles ajudam a ver a vida de uma outra ótica;
Compre livros usados - são mais baratos e, livro novo é livro que ainda não foi lido;
O que realmente importa não é a quantidade, mas a qualidade dos livros que você lê;
Não julgue o livro pela capa – alguns dos melhores livros que li tinham capas horríveis;
Fujam dos livros de auto-ajuda (inclusive os evangélicos) – eles oferecem um caminho fácil para lugar nenhum;
Não considere perda de tempo reler o mesmo livro duas ou mais vezes – um bom livro é como uma fonte que não seca.


Luciano L. Borges

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sobre o discipulado

"Somente quem se encontra no discipulado de Jesus, renunciando a tudo quanto possui, pode dizer que é justificado tão somente pela graça. Esse vê o próprio chamado ao discipulado como sendo graça, e a graça como sendo o chamado. Engana-se, porém, a si próprio quem se julga por ela dispensado do discipulado.”

“Felizes aqueles para os quais o discipulado de Cristo, nada mais é senão a vida baseada na graça, e para os quais a graça nada mais é senão o discipulado! Felizes aqueles que, neste sentido, se tornaram cristãos para os quais a mensagem da graça foi misericórdia!”

Dietrich Bonhoeffer

domingo, 1 de novembro de 2009

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos