quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

A MANJEDOURA E A CRUZ


“Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória,...” (João 1.14)

Quando uma criança nasce, logo os pais se põe a refletir sobre o que será aquele bebê quando crescer. Como quem tenta espiar por um buraquinho entre o presente e o futuro, se esforçam para enxergar aquilo que no agora está oculto.
Quando leio o relato do nascimento de Jesus, penso não ter sido diferente com José e Maria que, apesar de terem sido divinamente comunicados, certamente em suas expectativas carregavam muitas coisas em aberto.
Pouco mais de três décadas depois, indigentemente pendurado numa cruz estava Jesus de Nazaré sob a acusação: “rei dos judeus”. Possivelmente José já fosse falecido, mas Maria, agora trinta anos mais velha, acompanhou aquela triste cena, como desfecho de uma trajetória de vida que destoava dos anúncios em torno do seu nascimento.
Há algo aparentemente contraditório nisso tudo. Aquele bebê, embora nascido de forma humilde, insinuava ser no futuro algo grandioso. Mas que grandeza há num crucificado? Que glória há num homem exposto publicamente em agonia de morte? É que na sua morte terrível está maior e mais inequívoca lição de amor que já se viu e ouviu.
Luciano Lourenço Borges

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