quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O Deus apaixonado

Em discussões religiosas, até mesmo entre cristãos, podemos ouvir frases como estas: “Deus não pode sofrer”, “Deus não pode morrer”, “Deus não tem necessidades”, “Deus não precisa de amigos”. Tenho pena dos que pensam dessa forma, porque transformam o Deus vivo num ídolo morto do seu próprio medo da vida.
O Deus que falam os homens do Antigo Testamento, baseados nas próprias experiências, não é um poder frio e silencioso, no céu, que permanece, auto-suficiente, distribuindo graciosamente esmolas aos súditos. É, bem ao contrário, o Deus apaixonadamente envolvido com sua criação, com os homens e com o futuro. Sentimos sua presença no patético expresso em seu amor pela liberdade e no interesse apaixonado pela vida contra a morte. Foi por isso que esse Deus entrou numa aliança com os homens, muito semelhante ao casamento, como relata o Antigo Testamento. Tornou-se vulnerável ao amor. Quando Israel o abandonou e se deixou levar pelos ídolos, sua paixão pela liberdade desse povo fê-lo sofrer. Caminhou ao lado de Israel na direção do exílio, participando de seu sofrimento. Irou-se por causa dos pecados incoerentes do povo. Mas seu desgosto expressava apenas o amor ferido, nada mais.


Jurgen Moltmann

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