quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Frágeis idéias sobre Deus (1 parte)


“Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no
seio do Pai, é quem o revelou”. João 1.18




Uma das provocações que resultam da leitura do livro A Cabana, de William Paul Young, é sem dúvida, em relação a nossa visão de Deus, ou melhor, em relação a idéia que temos de Deus. Logo no início da leitura nossa imaginação é afrontada quando o autor apresenta a Trindade como Elousia (Deus Pai), uma negra enorme e sorridente que ouvia funk/blues (não religioso) enquanto trabalhava na cozinha, Jesus (Deus Filho), um homem de aproximadamente trinta anos com aspecto do Oriente Médio, com aparatos de um operário, cinto de ferramentas e luvas, vestido de jeans e camisa xadrez com mangas enroladas acima do cotovelo, e Sarayu (Deus Espírito), mulher asiática de etnia mongólica aparentando ser uma jardineira com luvas dobradas no cinto, vestida com uma blusa colorida e jeans com manchas de terra nos joelhos.
O contato com essa descrição tem um efeito de “desestruturação conceitual”, causando uma espécie de abalo sísmico nas idéias sedimentadas que, conseqüentemente, gera certa “desordem” interna. Há algum tempo conversava com uma pessoa que começou a ler A Cabana mas, que em certa altura não conseguiu ir adiante, pois em sua mente, pensar Deus dentro de parâmetros tão humanos era algo inconcebível, um insulto, um sacrilégio. Suas idéias de Deus estavam em choque com as novas idéias apresentadas, eram incompatíveis e inconciliáveis.
Mas, a partir desse encontro conflituoso, nesse desconforto da desestruturação conceitual, podemos levantar questões como: Como você imagina Deus? Quais idéias você tem de Deus? Quando você conversa, ora, canta em adoração o que vem a sua mente? A partir disso pontuo três observações que considero importantes para essa discussão:

1. Deus está para além de nossa capacidade de compreendê-lo;
2. Em nossa tentativa de apreender Deus, lançamos mão dos precários recursos que temos ao nosso alcance;
3. Por mais engenhosos que sejamos não o atingimos, não representamos, apenas “metaforeamos”.

Luciano L. Borges

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